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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Tem dias

Tem dias que a gente se sente
Um pouco, talvez, menos gente
 Um dia daqueles sem graça
 De chuva cair na vidraça
 Um dia qualquer sem pensar
 Sentindo o futuro no ar
 O ar, carregado sutil
 Um dia de maio ou abril
 Sem qualquer amigo do lado
 Sozinho em silêncio calado
 Com uma pergunta na alma
 Por que nessa tarde tão calma
 O tempo parece parado?
 Está em qualquer profecia
 Dos sábios que viram o futuro,
 Dos loucos que escrevem no muro.
 Das teias do sonho remoto
 Estouro, explosão, maremoto.
 A chama da guerra acesa,
 A fome sentada na mesa.
 O copo com álcool no bar,
 O anjo surgindo no mar.
 Os selos de fogo, o eclipse,
 Os símbolos do apocalipse.
 Os séculos de Nostradamus,
 A fuga geral dos ciganos.
 Está em qualquer profecia
 Que o mundo se acaba um dia.
 Um gosto azedo na boca,
 A moça que sonha, a louca.
 O homem que quer mas se esquece,
 O mundo dá ou do desce.
 Está em qualquer profecia
 Que o mundo se acaba um dia.
 Sem fogo, sem sangue, sem ás
 O mundo dos nossos ancestrais.
 Acaba sem guerra mortais
 Sem glorias de Mártir ferido
 Sem um estrondo, mas com um gemido.
  Está em qualquer profecia
 Que o mundo se acaba um dia
 Um dia...


Sim, sim, sim...

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